quinta-feira, 8 de julho de 2010

Resolvi voltar ao blogue...

Não por os melhores motivos mas sim para poder desabafar um pouco. Neste momentos são 17:14 e estou no funeral da minha avó paterna.

90% das pessoas que estão presentes nem as conheço. Alguns amigos do meu pai, outros dos meus avós , mais os familiares... entre eles o meu tio. Pela segunda vez na vida estou com o meu tio, pelo menos que me lembre. A uns 2, 3 anos estava eu a trabalhar e pergunta um sujeito se eu era filho de tal pessoa eu disse que sim, com que me respondeu: "olá eu sou o teu tio Tó". Um homem forte, isto é com barriga, bigode farfalhudo, cabelo preto e curto. Hoje apenas me dirigiu a palavra no fim da cerimonia toda.

Entre os beijos que se vai dando e os apertos de mão lá vinham as frases pré feitas "Os meus sentimentos", "Algum dia tinha que ser", "Mais vale assim do que estar a sofrer" ou "é a vida..." ao que por respeito ao meu pai apenas respondia "Obrigado" apesar de pensar outras coisas...

2ª vez que vejo o meu pai com lágrimas nos olhos...
acho que estão a acontecer muitas coisas pela segunda vez... 

Só nestes momentos recordo como me divertia nestas terras, na casa dos meus avós... os risos, as brincadeiras, o andar a apanhar os pirilampos para  ter direito a uma moeda no outro dia, os folares na Pascoa e no Natal, apenas fico com lembranças... 

 

Desde que comecei a escrever já são 18:00, entre os comprimentos, e a conversa com a minha irmã está na hora programada para o funeral. 

O calor, o preto, o cheiro a naftalina da roupa arrumada em arcas e a vontade de fugir cada vez começa a ser maior... mais uns "os meus sentimentos" e dois beijos... nem conheço a pessoa mas ela certo que se lembra de mim a andar a correr na rua eram tão russo nessa altura, e traquina... apenas sorri...


Mais uma garrafa de água... já vai num litro ao certo. O tempo cada vez passa mais lento, já devia de estar em casa, não consigo ter paciência para estas coisas.

Grrrr novamente o cheiro a naftalina juntamente com mofo, acho que vou para o carro, ao menos estou em paz e sozinho, acabam os beijos, as mãos estendidas a espera da minha, as frases pré-feitas e sobretudo o cheiro a naftalina que esse cada vez me incomoda mais.

...


Agora estou em casa em frente ao PC a ver a secretaria cheia de papeis, cd's, e mais tralha, sem paciência para mais nada hoje, apenas ver um filme e acabar por adormecer... 

3 comentários:

Du disse...

Meu amor

Sei que hoje é um mau dia para ti, mas sabes que te adoro e que podes contar sempre comigo.

Não és o príncipe só do meu coração, és também o rei de toda a minha vida.

E já sabes, tudo o que tu necessitares, nem que seja um silêncio solidário... eu aqui estou sempre.

Beijarias.

Teu Du

Du disse...

Li o teu texto.

Entendo perfeitamente o teu estado de espírito - já passei pelo mesmo com o decesso da minha mãe e depois do meu pai e, à parte a cerimónia convencional, senti a nostalgia da recordação que, primeiro, é amarga mas, paulatinamente, vai-se adoçicando.
A ausência dos meus era revoltante nos primeiros tempos, nas datas lembradas; hoje sinto-os tão presentes nesses momentos e é tão doce recordá-los.
O teu texto tem momentos tão pictóricos que consigo visualizar-te, russo e traquinas, a correr pelos campos e a apanhar pirilampos. Aliás, é assim que te vejo: o meu menino de cabelo russo, traquinas e de olhos doces.
Gosto tanto de ti que até parece que se me rebenta o peito.
Adoro-te.
Teu Du

João Roque disse...

Não vou para os clichés habituais, mas claro que a morte de um familiar é sempre um dia triste.
Prefiro focar o positivo: esses dois comentários de alguém que está ao teu lado, nos bons e maus momentos.
Que sejam muito felizes!!!